25 de abril de 2024

Maiara Basso

Olá Mulheres do Agro do Brasil! É um prazer estar aqui no Blog da minha mãe de coração, Andrea. Tratamento carinhoso que uso desde nossa viagem para os Estados Unidos ano passado.

Vou relatar aqui um pouco sobre minha vida para vocês: Eu me chamo Maiara, conhecida como Gringa, apelido esse por morar numa cidade pequena e ter um sotaque bem do sul.  Resido em Gentil, perto de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Tenho 22 anos de idade, sendo 14 deles dedicados a moto.

Sempre gostei de estar na terra, ao ar livre, brincar de fazendinha com meus irmãos, andar de bicicleta, jogar bola.

Nunca brinquei com boneca, inclusive tive apenas 1 em minha infância. Aos meus 8 anos de idade, comecei a andar de moto por influência de meus irmãos, Lucas e Mateus, que também estavam iniciando no esporte.

No início levava na brincadeira, mas sempre fui muito competitiva e sonhava em ser campeã. Em 2010 fiz uma corrida muito boa e vi que tinha potencial para atingir meus objetivos. Foi então que comecei a treinar e me dedicar ao esporte, tornando-me profissional.

Em 2012, quando tinha 16 anos, fui pela primeira vez Campeã Brasileira de Motocross, realizei assim um dos meus grandes sonhos. De lá pra cá, conquistei mais 4 títulos Brasileiros, fui 12x Campeã Gaúcha e vice-campeã do Latino Americano de Motocross, que corri em 2016 no México.

Em 2015 fiquei treinando 2 meses nos Estados Unidos, circulando entre os estados da  Flórida, Califórnia, Nevada, Carolina do Norte e Sul, Georgia, Tennesse. Participei de alguns campeonatos por lá, e realizei o sonho de qualquer piloto do mundo, que é poder pilotar nos “States”.

Ano passado ganhei o Campeonato Gaúcho de Motocross na categoria MX3, onde participo junto com os homens. Fiquei realizada em ter sido a primeira mulher do Brasil a vencer um campeonato estadual nessa categoria.

Olhando de longe parece fácil, mas foi tudo muito difícil e batalhado. Tive que abrir mão de muitas coisas para ser campeã brasileira. 

Domingos e feriados sempre treinando, na poeira e barro, ao invés de estar no shopping com minhas amigas. Optei por não fazer minha festa de 15 anos para poder fazer um curso de pilotagem com um piloto expert de Motocross.
Sábados à noite dormindo cedo para descansar, para no domingo estar bem. Cuidando a alimentação e também a parte física e psicológica que são muito importantes.

Como costumo competir junto com os homens, no início tinha um certo preconceito, mas como nunca me importei com isso, só me fortaleceu. Entrei sempre na pista pensando em dar meu melhor e sei que estou ali disputando com eles de igual para igual.

Meus pais também se dedicaram muito por mim. Venho de uma família simples. Meus pais, dona Mari e seu Luis sempre trabalharam muito para dar as melhores condições para mim e meus irmãos.

Hoje trabalhamos como cerealistas aqui no sul e lavouras de soja, milho, arroz e feijão no Piauí e Maranhão. Então nas épocas de safra é sempre muito corrido, pois março e abril é onde estamos na colheita, e junto disso começam os campeonatos e faculdade.

Minha mãe sempre preparando a comidinha dela para nós levarmos nas corridas, na safra quase nunca podia nos acompanhar. Ficava ela trabalhando, muitas vezes sozinha, com a cabeça em nós e no trabalho em casa.

Comecei estudar direito, fiz três semestres mas vi que não era aquilo que queria, então parei e comecei esse ano o curso de Agronegócio. Estou gostando muito, pois é bem a área em que trabalhamos. Amo estar no meio das lavouras, acompanhando a colheita e plantio, dirigindo colheitadeira, trator, pulverizador….

Não me vejo longe da agricultura.

Hoje minha vida é andar de moto, estudar, ajudar meus pais e irmãos, nessa vida dividida entre o sul e nordeste.

Meus pais e meu irmão do meio, o Mateus, ficam grande parte do tempo lá pra cima, e eu e meu irmão mais velho, o Lucas, aqui no Sul. Para mim o importante é estar ao lado minha família, gosto de ambas as regiões.

Vocês leram um pouco da minha vida… Contei sobre meu esporte porque ele me ajudou muito para o nosso trabalho, que é a agricultura. O Motocross me ensinou muito na vida. Me mostrou o quanto precisamos ter dedicação total no que a gente faz, ter muita disciplina, foco, estar sempre superando nossos limites; Muitas vezes ter que treinar mesmo tendo dores, lutar de igual para igual com os homens, e o principal, gostar do que a gente faz.

Assim como no esporte, no Agronegócio nós mulheres ainda sofremos preconceito.
Por isso precisamos estar sempre unidas mostrando que podemos fazer o que nós desejarmos, pois temos muito potencial.

Lugar de mulher é onde ela quiser, seja em cima de uma moto, de uma colheitadeira, trator ou mesmo cozinhando. Temos que acreditar em nossa força e beleza.

Um abraço.

Maiara Basso

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