28 de março de 2024

E soja para onde vai?

08/04/2020

Em um clássico pregão de terça-feira de reversão de tendência, – o famoso turnaround tuesday, a soja esboçou uma tentativa de recuperação, mas não conseguiu manter o viés positivo do dia e encerrou o dia em leve baixa.  Desde o fim de março até ontem, o contrato com vencimento maio perdeu cerca de 31 centavos por bushel.

Embora os investidores no geral usem todas as oportunidades de notícias para fazer dinheiro, o início desse segundo trimestre vem mostrando que os trabalhos mostram investidores mais pautados em fundamento agrícolas e com um perfil mais observador e cauteloso.

Embora o coronavírus não tenha saído de cena, pelo contrário, está a cada dia mais presente e na quarta em especial nos Estados Unidos com o número recorde de mortes nas últimas 24 horas, investidores, produtores e demais integrantes do mercado agro dos Estados Unidos vêm se mantendo atentos sobre notícias de demanda da China. Nesse momento o governo dos EUA está voltado ao controle da doença mas deve voltar muito em breve a pressionar o governo chinês para que voltem com urgência a comprar alimentos daquele país.

Afinal a retomada das atividades chinesas em um ritmo mais acelerado é um alento para o mundo. Ontem pela primeira vez a China não registrou casos de mortes decorrentes da doença e também anunciou o fim do isolamento total de 76 dias da cidade de Wuhan, epicentro da doença.  E essa percepção de retomada econômica que tem feito os mercados financeiros nos últimos dias recuperarem parte das perdas, é a mesma que alimenta e instiga a cobrança dos norte americanos por uma maior atividade comercial chinesa que justifique os termos do acordo da Guerra Comercial firmado da fase 1.

Enquanto as compras não ocorrem da forma como os EUA imaginam, os preços ficam à mercê da atuação de grandes fundos e investidores, que também seguem avaliando atentamente o quadro atual de oferta e demanda mundial.

Estamos em um momento em que a safra brasileira está colhida e sendo direcionada ao cumprimento de contratos antigos e atuais nos mercados físicos e internacionais. A logística brasileira vem sendo acompanhada de lupa pelos investidores mundo afora. Ontem e hoje recebi ligação de profissionais ligados a casas de consultoria nos EUA querendo falar sobre a logística brasileira. Um deles vem alertando seus clientes para a possibilidade de portos na América do Sul paralisarem operações e está orientando sua carteira a não vender e comprar opções apostando no cenário de agravamento no coronavírus aqui no Brasil. Inclusive esse analista alertou para a possibilidade de um inverno muito frio e que acentuaria a propagação da doença.

O que eu disse a ele é que aqui brasileiros seguem embarcando um grande volume de soja, em ritmo igualmente acelerado como em março e que o Brasil há várias semanas adotou medidas para garantir o sistema de logística e o abastecimento interno e internacional.  Aliás sobre isso, vale dizer que a preocupação não é recente. China e Europa há 1 mês já fazem o movimento de tentar antecipar embarques e promovem novas compras justamente com o receio de no ápice da crise do coronavírus ficarem desabastecidas de proteína animal e vegetal.

Indo além nesse ponto, a preocupação quanto ao fluxo de embarques também se estende ao Estados Unidos. Embora o hemisfério tenha saído do inverno, são vários os reportes de indústrias ligadas ao agro sobre funcionários doentes. Sobre esse momento e de acordo com relatos de outros colegas nos EUA, existe uma certa dificuldade de entrega de insumos agrícolas (fertilizantes, sementes e químicos) o que também acentua o quadro delicado que temos pela frente, afinal a safra norte americana começa a ser semeada e pode-se dizer que oficialmente a temporada de plantio está aberta.

Então senhoras e senhores, daqui para frente vamos acompanhar mais de perto as notícias que vem dos Estados Unidos. Importante estarmos conectados ao ritmo de trabalho no meio oeste, às mudanças na paridade milho/soja e especulações sobre condições climáticas no meio oeste dos EUA (excesso ou falta de chuvas – temperaturas baixas, neve ou veranico) não sairão do radar.

Vamos lá, fazer bem feito a parte que nos cabe. Força aí.

 

 

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